“Acredite, nada é trivial!”
(Filme: O Corvo)

1.
Introdução
Marx dedicou a maior parte de sua vida aos estudos sobre a
sociedade capitalista e a busca por compreender seu ser, sua funcionalidade
real. Um feito inédito na História da humanidade foi realizado e o resultado
saiu em sua obra fundamental e mais importante “O Capital”. Foi a primeira vez
que uma sociedade teve o seu ser descrito já no início de sua existência. As
sociedades somente eram compreendias em maior profundidade depois de longos
períodos após seu nascedouro, porém, assim que o Capitalismo “se coloca” de pé
no mundo, como um grande feito inédito Marx expõe sua essência. Os Manuscritos
são seu laboratório de pesquisa e “O capital” sua grande descoberta.
É muito comum, ao falar-se de Marx e
dos marxistas, encontrarmos quem afirme que haveria um problema em relação ao
pensamento de Lenin ou Rosa Luxemburgo, entre outros, que viveram antes da
publicação de obras como os Manuscritos Econômico-Filosóficos ou os Grundrisse,
desqualificando de certa forma sua contribuição teórica ou compreensão do
capitalismo, alguns até descartam
e/ou ignoram em partes ou totalmente a Opus Magnum Marxiana, ressaltando em seu
lugar os rascunhos:
“Com a doutrina de Marx acontece hoje o que na história
aconteceu mais de uma vez com as doutrinas dos pensadores revolucionários e dos
chefes das classes oprimidas em sua luta pela libertação. As classes opressoras
durante a vida dos grandes revolucionários, retribuíam-nos com incessantes
perseguições, acolhiam sua doutrina com a fúria mais selvagem, com o ódio mais
feroz, com as mais furibundas campanhas de mentiras e calúnias. Depois da morte
deles, tentam transformá-los em ícones inofensivos, canonizá-los, por assim
dizer, conceder a seu nome certa
glória para consolar as classes oprimidas e para enganá-las, castrando o
conteúdo da doutrina revolucionária, embotando seu gume revolucionário,
vulgarizando-a.” (Lenin 2017, p.27)
Com estas palavras Lenin inicia o
livro “O Estado e a Revolução” escrito há pouco mais de 100 anos, suas palavras
continuam atuais e com o agravante do monumental feito histórico do
proletariado, a Revolução de Outubro não mais existir. A perda dessa batalha,
teve implicações seríssimas sobre a moral da nossa classe e dos nossos
intelectuais. Como escreve Marx (1985, p.112), “quanto mais uma classe
dominante é capaz de acolher em seus quadros os homens mais valiosos das
classes dominadas, tanto mais sólido e perigoso é seu domínio”, alguns se
juntaram ao adversário como expressão de derrota daquela série de batalhas
entre o Proletariado e o Capitalismo que foi o século XX. O Recuo teórico foi
brutal, ganharam ainda mais força propostas como a defesa do protagonismo dos
novos movimentos sociais nas lutas sociais, a ideia do fim do trabalho, a
crença na democracia como meio para conquista do socialismo etc. Nossos
intelectuais não saíram ilesos, muitas vezes criando novas nomenclaturas para
fenômenos há muito conhecidos, ou utilizando-se de categorias anacrônicas que
não mais correspondem as relações capitalistas de produção. Vejamos um exemplo:
“Marx é outro que
concebe a alienação do corpo como um
traço distintivo da relação entre capitalista e trabalhador. Ao transformar o trabalho em uma mercadoria,
o capitalismo faz com que os trabalhadores subordinem sua atividade a uma ordem
externa, sobre a qual não tem controle e com a qual não podem se identificar.”
(Federici 2017, p. 243, grifo nosso)
De forma alguma a afirmação acima
pode ser atribuída a Marx, basta lembrarmos que “para ser vendido no mercado
como mercadoria, o trabalho, pelo menos, tem de existir antes de ser vendido.
Mas, se o trabalhador pudesse dar-lhe existência independente, então ele
venderia mercadoria e não trabalho.” (Marx 1984a, p.127). Como veremos nas
páginas seguintes essa afirmação parece fundada sobre a compressão de trabalho
alienado que não vigora na relação capitalista de produção. A autora também
afirma que seu livro “[...] Calibã e a Bruxa desmistifica a natureza
democrática da sociedade capitalista e a possibilidade de qualquer “troca
igualitária” dentro do capitalismo. (Federici 2017, p. 13-14). Se levarmos às
últimas consequências essa afirmação, chegaremos à conclusão de que não há
capitalismo, pois sem a troca equivalente, a lei do valor pode ser jogada na
lata do lixo.
Talvez, concepções como essas que são fundadas na
incompreensão do ser do Capital, portanto, da realidade atual, contribuam para
elaboração de muitas teses segundo as quais, estaríamos retornando ao
colonialismo ou que o feudalismo teria voltado como tecnofeudalismo. Isso é um
assunto para quem sabe, tratarmos, em um outro momento. O principal objetivo
deste artigo, é fazer um comparativo entre alguns aspectos da Obra Máxima de
Marx “O Capital” (1867) e os Manuscritos de 1844, analisando algumas das categorias
fundamentais que são parte destas obras.
As razões para
escrever nosso texto são simples, porém de suma importância, fundamentar nossa
prática buscando conhecer melhor nosso verdadeiro adversário, o Capital.
2.
Mercadoria e Trabalho
Nos Manuscritos
Econômico-Filosóficos de 1844 Marx trabalha com o conceito de trabalho alienado
caracterizando o trabalhador como uma mercadoria:
“A existência do trabalhador é, portanto, reduzida à
condição da existência de qualquer outra mercadoria. O trabalhador tornou-se uma mercadoria e é uma sorte para ele
quando consegue encontrar quem o compre.” (Marx, 2017, p.245, grifo nosso)
No período da acumulação primitiva
do Capital, a classe burguesa entrava em cena na história, corroendo as
relações feudais, processo durante o qual, por meio do comércio, converteria
parte da humanidade em mercadoria, milhares de seres humanos foram sequestrados
do Continente Africano e vendidos como meras mercadorias. A escravidão pode ser
definida como:
“Condição em que um ser humano – o escravo – é propriedade de
outro – o senhor -, dono absoluto do produto de seu trabalho. [...] O escravo constitui também uma mercadoria,
podendo, portanto, ser objeto de compra e venda, herança, doação, aluguel,
hipoteca e sequestro judicial.”[1]
Nos manuscritos Marx faz sua
primeira grande aproximação com a economia política, após conhecer o livro de
Engels “Esboço para uma Crítica da Economia Política”, faz uma série de estudos
sobre a Economia Política e rascunha em seus cadernos sua compreensão até então
(1844). Como primeiro grande esforço teórico no terreno da economia política
Marx vem a “[...]considerar centralmente, o trabalhador como mercadoria, e
transitar, em alguns momentos secundários, para a compreensão de trabalho como
mercadoria” (Oliveira, 2021, p. 354). As sociedades onde vigorou o Trabalho
Alienado, ou seja, o trabalhador sendo alienado na relação de troca, são as
sociedades, nas quais, a escravidão era a relação de trabalho predominante,
relação distinta da que vigora contemporaneamente.
Encontramos ainda no texto de 1844 duas compreensões
equívocas, uma sobre a economia política que naquele período Marx denominava
como Economia Nacional, outra sobre os trabalhadores na sociedade capitalista:
“A partir da própria
economia nacional, com as suas
próprias palavras, mostramos que o
trabalhador decai em mercadoria e na mais miserável mercadoria, que a
miséria do trabalhador está na relação inversa do poder e da magnitude da sua
produção, que o resultado necessário da concorrência é a acumulação do capital
em poucas mãos, portanto, o mais terrível restabelecimento do monopólio, que,
finalmente, a diferença de capitalista e arrendador fundiário [Grundrentner], tal como a de agricultor
e trabalhador manufatureiro desaparece, e toda a sociedade tem de dividir-se
nas duas classes dos proprietários e
dos trabalhadores
desprovidos de propriedade.” (Marx, 2017, p.302, grifo nosso)
A compreensão de que para a Economia
Política o trabalhador era sinônimo de mercadoria já havia sido superada por
exemplo por David Ricardo para quem “[...] não é o trabalhador, mas o trabalho
uma mercadoria.”, (Oliveira, 2021, p.358).
No final da citação acima é afirmado que os trabalhadores
não possuem nenhuma propriedade, no entanto, em sua obra máxima “O Capital” -
lançada em 1867 após duas décadas de estudo - Marx demonstra que o
“Proprietário de sua força de trabalho é o trabalhador [...]” (Marx, 1983,
p.264). Na sociedade capitalista vigora a liberdade jurídica, e na relação de
troca a classe capitalista entra em cena como proprietária dos meios de
produção enquanto o proletariado como Capital Variável possui a mercadoria
fundamental com a qualidade única de produzir valor e mais-valor, uma relação
de igualdade jurídica. Nos dois polos da relação encontram-se proprietários, “o
que se defronta diretamente ao possuidor de dinheiro, no mercado, não é, de fato,
o trabalho, mas o trabalhador. O que este último vende é sua força de trabalho.” (Marx,
1983, p. 128. grifo nosso). Como se vê uma relação completamente distinta da
relação escravista.
Em uma passagem bem
conhecida dos Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844, onde Marx faz um
contraste entre a valorização e a desvalorização do mundo das coisas e dos
homens respectivamente, a compreensão do trabalhador como mercadoria também
aparece:
O trabalhador torna-se uma mercadoria
tanto mais barata quanto mais mercadoria cria. Com a valorização do mundo das coisas, cresce a desvalorização do mundo dos homens em proporção direta. O trabalho não produz apenas
mercadorias; produz-se a si próprio
e o trabalhador como uma mercadoria, e, a saber, na mesma
proporção em que produz mercadorias em geral. (Marx, 2017, p.304, grifo nosso)
Podemos recorrer ainda as palavras
de Engels em sua introdução ao livro “Trabalho Assalariado e Capital”
originalmente publicado em 1849 e que ganharia nova edição em 1891:
“Nos anos 40, Marx ainda não tinha terminado a sua crítica
da Economia Política. Isso só aconteceu nos finais dos anos 50. Por isso, os
escritos que apareceram antes do primeiro fascículo de Para a Crítica da
Economia Política (1859) diferem aqui e ali dos redigidos a partir de 1859
[...]” (Marx, 2009)
Não só Marx descobre ao longo de
seus anos de estudo que não é o Trabalho Alienado que corresponde ao modo de
produção capitalista, mas também que “o trabalho é a substância e a medida
imanente dos valores, mas ele mesmo não
tem valor.” (Marx, 1984, p. 128, grifo nosso). Em seu acerto com a Economia
Política, em como ela concebia o trabalho Marx afirma:
“Portanto, o que ela chama de valor do trabalho (value of labour) é na realidade o valor
da força de trabalho, que existe na personalidade do trabalhador e difere de sua
função, o trabalho, tanto quanto uma máquina de suas operações.”
(Marx, 1984a, p. 129, grifo nosso)
Como proprietários vendemos nossa
mercadoria força de trabalho ao capitalista durante um determinado período,
colocamos a sua função em ação durante o processo de produção e assim
produzimos valor e mais-valor, produzimos Capital, portanto:
“[...]o “valor de uso” que o trabalhador
fornece ao capitalista não é, na verdade, sua força de trabalho, mas sim a função dela, determinado trabalho
útil, trabalho do alfaiate, trabalho do sapateiro, trabalho do fiandeiro
etc. O fato de que esse mesmo trabalho,
sob outro aspecto, é elemento geral criador de valor, o que o distingue das
demais mercadorias, não está ao alcance
da consciência ordinária.” (Marx, 1984a, p. 131, grifo nosso)
Na sociedade capitalista predomina o
Trabalho Assalariado não o Trabalho Alienado, (pensar nesta frase acho que
seria mais correto dizer Trabalho Assalariado no lugar de trabalho abstrato) e
só a partir dessa descoberta se tornou possível desvendar como o Capital
realmente se constitui. A mercadoria possui
Valor de Uso - satisfação de uma necessidade humana - e Valor - que tem como
substância o Trabalho Abstrato e se se mede pela duração do dispêndio de
músculos, nervos, cérebro e sentidos etc., parafraseando Marx, durante o
processo de trabalho, sob o capitalismo, o trabalho,
assim como a mercadoria (Valor de uso e Valor), também possui uma duplicidade:
Todo trabalho é, por um lado, dispêndio de força de trabalho
do homem no sentido fisiológico, e nessa
qualidade de trabalho humano igual ou trabalho humano abstrato gera o valor da
mercadoria. Todo trabalho é, por outro lado,
dispêndio de força de trabalho do homem sob forma especificamente adequada a um
fim, e nessa qualidade de trabalho
concreto útil produz valores de uso. (Marx, 1983, p.53. grifo nosso)
Por um lado, no processo de trabalho
se produz Valores de Uso - Trabalho Concreto -, nos mais diferentes trabalhos
como por exemplo: o trabalho do enfermeiro, do psicólogo, do Gari, da médica,
da professora, da advogada etc. Por outro lado, se produz Valor e Mais-Valor –
Trabalho Abstrato – o trabalho produtor de Capital, o trabalho especificamente
correspondente a relação capitalista. É o Trabalho Assalariado que corresponde
ao modo de produção Capitalista, o Trabalho Alienado, pertence a outros períodos
históricos, sob o Capitalismo ele não tem lugar, é um anacronismo. O segredo
que se ocultava quando Marx analisou pela primeira vez a Economia Política e
registrou em seus primeiros rascunhos foi descoberto muito mais tarde. Sob o
Trabalho Alienado não era possível compreender de fato o Capital, pois, este
corresponde ao trabalho escravo, não ao trabalho assalariado. Marx explica
ainda que para analisar o capital é preciso abstrair os trabalhos concretos
indo assim ao trabalho especificamente produtor de Capital:
“Ao desaparecer o caráter útil dos produtos do
trabalho, desaparece o caráter útil dos trabalhos neles representados, e
desaparecem também, portanto, as diferentes formas concretas desses trabalhos, que deixam de diferenciar-se um do outro
para reduzir-se em sua totalidade a igual trabalho humano, a trabalho humano abstrato.” (Marx 1983,
p. 47, grifo nosso)
Sabemos agora que sob determinação
do Trabalho Abstrato está constituída a relação Capitalista. Ao vender-se a
Mercadoria Força de Trabalho, aliena-se, a sua função, o Trabalho Útil que é
Valor de uso para o Capitalista. Sob seu caráter de Trabalho Concreto produz
Valores de Uso e pelo caráter de Trabalho Abstrato produz Valor e Mais Valor, e
este é o que realmente interessa ao Capital:
“[...] o trabalhador sai do processo sempre como nele entrou
— fonte pessoal de riqueza, mas despojado de todos os meios, para tornar essa
riqueza realidade para si. Como, ao
entrar no processo, seu próprio
trabalho já está alienado dele, apropriado pelo capitalista e
incorporado ao capital, este se objetiva, durante
o processo, continuamente em produto alheio.”
(Marx 1984a, p. 156. grifo nosso)
O Capitalista compra a mercadoria
Força de Trabalho para satisfazer sua necessidade de acumular Capital, ela se
torna Capital Variável no processo, produzindo Valor e Mais Valor - Trabalho
Abstrato -, ao consumir seu Valor de Uso, o Capitalista se apropria das
mercadorias produzidas. Ao colocar a Força de Trabalho em ação, que foi
cedida/transferida - alienada - durante determinado período ou jornada de
trabalho pelo proletário, todo Valor de Uso, Valor e Mais Valor produzido
torna-se propriedade do capitalista - relação fundada pela troca entre Capital
e Trabalho - e o Capital aliena o Salário – Valor/Preço da Força de Trabalho -
ao proletário mesmo que este o receba sempre posteriormente. Embora o
proletário saia do processo “despojado” da riqueza produzida, é uma relação
contratual onde vigora a igualdade jurídica entre proprietários de Mercadoria.
Ao analisar a sociedade capitalista com as
lentes do Trabalho Alienado em seus primeiros manuscritos (1844) não era
possível uma análise precisa e consequente do Capital, o que não retira a
importância desse primeiro estudo de fôlego de Marx.
3.
Dinheiro
Nos Manuscritos (Marx, 2017, p. 416), Marx
afirma que “Shakespeare descreve acertadamente a essência do dinheiro,” ao
afirmar que este teria as seguintes propriedades:
“1) Ele é a divindade
visível, a transformação de todas as
qualidades humanas e naturais no seu contrário, a universal confusão e
inversão das coisas; ele fraterniza impossibilidades; 2) Ele é a meretriz universal, o alcoviteiro universal dos homens e dos
povos. A inversão e confusão de todas as
qualidades humanas e naturais, a fraternização das impossibilidades – a força divina –, pelo dinheiro, reside na sua essência como ser genérico – alienado,
exteriorizando e vendendo-se [entfremdeten,
entäussernden und sich veräussernden]
– do homem. Ele é o poder [Vermögen] exteriorizado da humanidade (Marx,
2017, p.417-418, grifo nosso)
Aqui vemos que o dinheiro é descrito
como uma “força divina”, um “poder exteriorizado” que é próprio da humanidade,
“[...] é, portanto, o objeto como possessão eminente (Marx, 2017, p. 414, grifo nosso) O dinheiro de certa forma
seria como um deus encarnado, onde “a universalidade da sua qualidade é a onipotência do seu ser; por isso, ele vale como ser onipotente.”
Outras duas palavras são usadas para defini-lo: Alcoviteiro,
ou seja, intermediário entre amantes, fazedor de intriga, corretor de
prostitutas; e Meretriz (Prostituta). O dinheiro então teria características
sociais universais, tais como, o causador de intrigas, o cafetão e a prostituta
universais.
Entretanto, em sua obra magna “O
Capital”, trabalhando a partir do conceito de Trabalho Humano Abstrato, Marx
nos demonstra que o dinheiro incorpora várias funções: Medida dos valores,
padrão dos preços, meio de circulação, moeda (signo do valor), meio de
pagamento. Como dinheiro mundial, ele é meio geral de pagamento, meio geral de
compra e materialização absoluta da riqueza em geral. O dinheiro é circulação
das mercadorias:
“Como ao dinheiro não se pode notar o que se transformou
nele, converte-se tudo, mercadoria ou não, em dinheiro. Tudo se torna vendável
e comprável. A circulação torna-se a grande retorta social, na qual lança-se tudo, para que volte como cristal
monetário. E não escapam dessa alquimia nem mesmo os ossos dos santos nem as res sacrosanctae, extra commercium hominum.”
(Marx, 1983, p. 112, grifo nosso)
A compreensão do que de fato é o
dinheiro está umbilicalmente ligada ao Trabalho Abstrato: “como medida de
valor, é forma necessária de manifestação da medida imanente do valor das
mercadorias: o tempo de trabalho.”
(Marx, 1983, p.87, grifo nosso).
4. Capital
A compreensão de Capital presente
nos Manuscritos Econômico-Filosóficos está fundada no conceito de Trabalho
Alienado. Por meio desta compreensão, o proletário venderia a si próprio - o
que o caracterizaria como um escravo –, naquela época Marx equivocadamente
considerava que essa era a compreensão da Economia Política. Vimos acima que a
economia política naquele período já compreendia o trabalho como mercadoria e
não o trabalhador:
O
economista nacional diz-nos
que tudo se compra com trabalho, e que o capital não é mais que trabalho
acumulado; mas diz-nos, simultaneamente, que o trabalhador, longe de poder comprar tudo, tem de vender-se a si próprio e a sua
humanidade. (Marx, 2017, p.251, grifo nosso)
Na realidade o trabalho sob o
capitalismo possui um “duplo caráter”, é Trabalho Concreto e Trabalho Abstrato.
Com a compreensão equivocada sobre o trabalho -alienado -, Marx aqui (1844)
recorre ao trabalho produtor de Valores de Uso que satisfazem as necessidades
humanas, o Trabalho Concreto:
“Quando se encontra uma sociedade em
enriquecimento progressivo? Com o
crescimento de capitais e rendimentos (Revenuen) de um país. Mas isto só é
possível α) contanto que seja reunido
(zusammengehäuft) muito trabalho, pois capital
é trabalho amontoado [aufgehäufte]; portanto, contanto que sejam retirados ao trabalhador cada vez mais produtos seus,
que o seu próprio trabalho cada vez mais
o defronte como propriedade alheia (fremdes Eigentum) e cada vez mais os
meios da sua existência e da sua atividade se concentrem na mão do
capitalista.” (Marx, 2017, p.247, grifo nosso)
Portanto, sem a chave de leitura do
Trabalho Abstrato - descoberto mais tarde por Marx - que é correspondente ao
Capital não era possível a descoberta de que no Modo de Produção Capitalista a
riqueza é determinada pelo processo de valorização do valor, que o proletário -
Capital variável na relação de produção do Capital - ao vender a sua Força de
Trabalho produz Valor e Mais Valor que são apropriados pelo Capitalista, e que
“portanto, um valor de uso ou bem possui valor, apenas, porque nele está objetivado
ou materializado trabalho humano abstrato.” (Marx, 1983, p. 47)
5.
Salário
Nos manuscritos a compreensão do que
realmente é o Salário, assim como Capital e Dinheiro também é inacessível,
devido a chave de leitura equivocada e atualmente anacrônica. Visto que, ao
utilizar esta chave anacrônica, o “salário é compreendido como uma consequência
imediata do trabalho alienado[...]” (Marx,2017, p.318). Sem o período de estudo
que se seguiram a estes primeiros estudos e sem o acúmulo categorial adquirido
ao longo destes anos, a compreensão do Capitalismo de Marx em 1844 estava
fundamentada no,
“[...] conceito de propriedade
privada a partir do conceito do trabalho alienado, exteriorizado, assim todas as categorias nacional-econômicas podem ser desenvolvidas com a ajuda
desses dois fatores, e reencontraremos em cada categoria, p. ex., a
mesquinharia (Schacher), a
concorrência, o capital, o dinheiro, apenas uma expressão determinada e
desenvolvida dessas primeiras bases.
(Marx, 2017, p.319, grifo nosso)
Temos então, de acordo com esta
compreensão equívoca, que a determinação do salário ocorre nos seguintes
termos:
“Segundo o conceito, renda fundiária e ganho de capital são deduções que o salário sofre. Mas, na realidade, o salário é uma dedução que
terra e capital deixam chegar ao trabalhador, uma concessão do produto do
trabalho ao trabalhador, ao trabalho.” (Marx, 2017, p.252-253, grifo nosso)
O salário é definido aqui como uma
concessão da Terra e do Capital ao proletariado, e ainda mais:
“Vemos por isso também que salário e propriedade privada são idênticos: porque o salário, donde o produto, objeto do trabalho, paga o próprio trabalho, é apenas uma
consequência necessária da alienação do trabalho, bem como porque no salário o
trabalho também não aparece como autofinalidade, mas como servidor do salário.”
(Marx, 2017, p.318, grifo nosso)
Se conforme descrito acima, o
proletário recebe pelo seu trabalho, fica uma pergunta no ar: De onde viria
então o lucro?
Vejamos como Marx trabalha essa
questão n’O Capital, onde o autor necessariamente segue a sequência que
evidência a relação capitalista: da Mercadoria ao Dinheiro e deste finalmente
ao Capital, para depois trabalhar a Mais-Valia Absoluta e Relativa chegando
então ao Salário; movimento necessário para exposição do ser do Capital.
Assim como fez ao iniciar seu livro
alertando sobre como nos aparece a riqueza na sociedade capitalista, alerta
semelhante é feito agora logo no primeiro parágrafo do capítulo sobre o
Salário: “Na superfície da sociedade
burguesa, o salário do trabalhador aparece como preço do trabalho, como um
quantum determinado de dinheiro pago por um quantum determinado de trabalho.”
(Marx, 1984a, p. 127, grifo nosso). Então, na sequência de sua exposição, Marx
compara a relação de trabalho escravista e a assalariada, fazendo uma afirmação
diametralmente oposta à que fez nos manuscritos:
No trabalho escravo, a parte da jornada de trabalho em que o
escravo apenas repõe o valor de seus próprios meios de subsistência, em que,
portanto, realmente só trabalho para si mesmo, aparece como trabalho para seu
dono. Todo seu trabalho aparece como trabalho não pago. No trabalho assalariado, ao contrário, mesmo o mais-trabalho ou trabalho não pago aparece como trabalho pago. Ali a relação de propriedade oculta o
trabalho do escravo para si mesmo; aqui
a relação de dinheiro oculta o trabalho gratuito do assalariado.” (Marx,
1984a, p. 130, grifo nosso)
Sob o Trabalho Alienado todo o
trabalho aparece como não pago ao escravo e sob o Trabalho Assalariado o
Trabalho aparece como pago; ao associar o trabalho alienado ao assalariado, a
conclusão a que se chegou nos Manuscritos não se sustenta, sob o trabalho
alienado não há salário, e sob o Trabalho Assalariado o salário não paga o
próprio trabalho.
Ressaltamos ainda que a relação
social capitalista é mais complexa que a escravista, onde temos os trabalhos
Concreto, Abstrato e Assalariado. A afirmação de que todo trabalho seria pago –
Manuscritos - não é nada mais que a aparência: “A
forma salário extingue, portanto, todo vestígio da divisão da jornada de
trabalho em trabalho necessário e mais-trabalho, em trabalho pago e trabalho
não pago. Todo trabalho aparece como
trabalho pago.” (Marx, 1984a, p. 130, grifo nosso)
O Salário oculta na relação
capitalista o trabalho não pago. Se todo trabalho fosse pago ao proletariado
não existiria o lucro. Na relação de produção capitalista o proletariado vende
sua Força de Trabalho em troca do Salário - na realidade adianta e só recebe
após produzir. A mercadoria Força de trabalho tem a peculiaridade de produzir
Valor e Mais valor, durante parte da jornada o proletário produz o Valor de sua
mercadoria, na parte restante da jornada produz Mais Valor, um valor maior do
que o valor da mercadoria que vendeu ao capitalista, é daí que vem o ganho do
capitalista, o mais valor divide-se em lucro, juro, renda da terra etc.
Portanto,
“Compreende-se, assim, a importância decisiva da
transformação do valor e do preço da força de trabalho na forma salário ou em
valor e preço do próprio trabalho. Sobre essa forma de manifestação, que torna invisível a verdadeira relação e
mostra justamente o contrário dela, repousam todas as concepções jurídicas
tanto do trabalhador como do capitalista, todas
as mistificações do modo de produção capitalista, todas as suas ilusões de
liberdade, todas as pequenas mentiras apologéticas da Economia vulgar.” (Marx
1984a, p.130, grifo nosso)
Ainda sobre o Trabalho assalariado e
o Trabalho escravo Marx faz mais uma distinção fundamental: “em um caso sua
força de trabalho é vendida por ele mesmo, no outro, por terceira pessoa.”
(Marx,1984, p. 131). No capitalismo é o proprietário da mercadoria Força de
Trabalho quem a vende diretamente ao capitalista, ou seja:
“Para ser vendido no mercado como mercadoria, o trabalho,
pelo menos, tem de existir antes de ser vendido. Mas, se o trabalhador pudesse
dar-lhe existência independente, então ele venderia mercadoria e não trabalho.”
(Marx 1984a, p. 127)
Não é o trabalho que tem em si o
Valor sendo uma mercadoria (Valor de Uso + Valor) produzida sob o Capital, se o
fosse capitalista não pensaria duas vezes em contratar mão de obra escrava. O
fato de no capitalismo vigorar a relação de compra e venda da Força de Trabalho
e não a relação escravista, é uma condição sine
qua non da existência do Capital. A relação social escravista é
completamente distinta da relação Capitalista, no entanto, a escravidão dos
indígenas e dos povos de África foi condição para o nascimento do Capital.
Enquanto ainda não tinha se colocado sob seus próprios pés, nutriu-se com a
mais brutal escravização da humanidade, produziu as condições iniciais de
acumulação e separou os trabalhadores dos seus meios de produção e de
subsistência, restando-lhes para viver, apenas a possibilidade de venderem sua
capacidade de trabalho, assim “[...] o capital nasce escorrendo por todos os
poros, sangue e sujeira da cabeça aos pés” (Marx, 1984a, p.292).
Por isso, em sua obra magna Marx faz
uma afirmação “tsunâmica” para os economistas clássicos e ao mesmo tempo para
os adoradores da categoria Trabalho Alienado. Vejamos:
“Na expressão “valor do trabalho”, o conceito de valor não está
apenas inteiramente apagado, mas convertido
em seu contrário. É uma expressão
imaginária como, por exemplo, valor da terra. Essas expressões imaginárias
surgem, entretanto, das próprias condições de produção. São categorias para
formas em que se manifestam condições essenciais. Que na aparência as coisas se apresentam frequentemente invertidas, é
conhecido em quase todas as ciências, exceto na Economia Política.” (Marx
1984a, p. 128, grifo nosso)
O Capital como sistema político econômico ergue-se sob o
pedestal do Trabalho Abstrato, sem a venda da mercadoria Força de Trabalho ao
Capitalista pelo Proletariado não há lugar para a produção de Capital, de Valor
e Mais Valor.
6. Alienação e Fetichismo
Comecemos analisando alguns trechos da exposição n’O
Capital, nos quais, Marx faz uso das categorias Alienação e Estranhamento. Em
nossa pesquisa constatamos que a categoria Alienação aparece diversas vezes na
obra “O Capital”, notamos também que “[...]a concepção de alienação em Marx não
tem uma significação de negatividade[...]”, ou seja, a alienação é resultado de
uma relação de troca entre proprietários de mercadoria, uma relação entre
iguais juridicamente:
A realização da lei do valor, e do mais-valor, se impõem. O
trabalhador recebe o valor de sua força de trabalho e, ao alienar, ou seja, por
não ser sua propriedade o valor-de-uso dessa mercadoria, não o é também o que
essa força produziu. Veja que a
alienação, no contexto de O capital,
refere-se, exclusivamente, às determinações da lei do valor. (Oliveira,
2021, p. 320, grifo nosso)
A palavra Estranhamento aparece somente uma vez em todos os três
tomos da opus magnum marxiana. No
terceiro tomo encontramos o termo estranhável com o que parece ser um sentido
mais próximo do conceito presente nos Manuscritos – dependendo da tradução. As
palavras estranho, estranha e estranhamente aparecem algumas vezes nos três
tomos, muitas vezes com uma significação dentro do uso mais comum dos termos.
Em sua obra de 1844, com
base nos conceitos de Alienação e Estranhamento como compreendidos à época
“[...] Marx explicava a situação de penúria da classe trabalhadora ou, se se
quiser, a negação da essência humana, por meio do processo de expropriação[...]”
(Tumolo, 2019, p.23, grifo do autor). A expropriação foi característica da fase
de acumulação primitiva ou onde as relações capitalistas de produção ainda não
haviam sido inseridas, hoje por toda parte do planeta vigora a relação de
compra e venda da Força de Trabalho, portanto a exploração do proletariado é o
determinante. Nas palavras de Tumolo (2019):
“No caso da expropriação, supõe-se que o trabalhador está
desprovido, ou melhor, que o capital o expropriou
de toda e qualquer propriedade, o que provoca um processo de
estranhamento/alienação e, por desdobramento, a negação de sua essência humana.
No caso da relação de exploração,
pressupõe-se que o trabalhador não foi expropriado de tudo, mas, ao contrário,
é proprietário de uma mercadoria específica e fundamental, sua força de
trabalho, e é nesta condição que comparece ao mercado para vendê-la ao proprietário
de meios de produção.” (Tumolo, 2019, p.24-25, grifo do nosso)
Por isso, entendemos então que o
conceito de Alienação tem, portanto, um sentido positivo e o conceito de
Estranhamento um sentido negativo estando relacionado diretamente a
expropriação.
Marx afirma, no capítulo sobre o
salário de “O Capital” que esta forma torna invisível a verdadeira relação
ocultando o trabalho gratuito do proletariado, portanto, essa relação aparece
como totalmente justa ao trabalhador, e no senso comum nos leva a questionar o
“preço do trabalho”, caso o consideremos muito baixo, ou ainda que procuremos
um novo emprego com o salário condizente com nossas expectativas. Dessa forma a
alienação da nossa mercadoria aparece como uma relação entre iguais e como a
forma mais justa possível, não nos é uma relação em que haveria um
estranhamento, ao contrário, temos um reconhecimento do “nosso valor”, da
importância do nosso trabalho, da nossa profissão, tal qual o professor que ao
demonstrar a importância de seu trabalho se indigna com justa razão, diante do
salário recebido que não corresponde ao valor de sua atividade e as condições
degradantes do exercício de sua profissão.
Reafirmamos que toda luta salarial é
fundamental para nossa classe, e deve ser arrancado o máximo possível de Mais
Valia das mãos dos Capitalistas e de seu Estado. Nos perguntamos, o que nos
diria o senso comum se saíssemos a propagar abertamente o fim do trabalho
assalariado, o fim do salário? Seria um exercício interessante, talvez surgisse
a pergunta: E como vamos viver sem receber o justo “preço do nosso trabalho”?
Sabemos agora, por meio de tudo que foi exposto até aqui,
que em sua obra máxima Marx não trabalha os conceitos de Estranhamento e
Alienação como nos Manuscritos Econômico-Filosóficos. Vejamos três exemplos de
como aparecem tais conceitos nos manuscritos de 1844, para em seguida
analisá-los a luz do Conceito de Fetiche:
1º- Um poder inumano que domina a todos, Capitalistas e
Proletários:
“A alienação aparece tanto
em que o meu meio de vida é de um outro, em que aquilo que é meu desejo é a posse inacessível de um outro, como em que mesmo cada coisa é
ela própria um outro de si mesma,
como em que a minha atividade é algo de outro,
finalmente – e isto vale também para
os capitalistas – em que em geral o
poder inumano domina.” (Marx
2017, p.403, grifo nosso)
2º- A alienação em dois momentos, a
religiosa se passa na consciência e a econômica no mundo real: “A alienação religiosa como tal processa-se
apenas na região da consciência, do interior humano, mas a alienação econômica é a da vida real
– por isso a sua superação abrange ambos os lados.” (Marx 2017, p.345-346,
grifo nosso)
3º - Com o dinheiro o mundo estaria
de ponta cabeça, uma combinação entre as características naturais e humanas:
“Uma vez que o
dinheiro, como conceito – existente e acionando-se – do valor, confunde,
mistura todas as coisas, ele é então
a confusão e mistura universal de todas as coisas, portanto, o mundo invertido, a confusão e a mistura de todas as qualidades naturais e humanas.”
(Marx 2017, p.419-420, grifo nosso)
No Capital consta a afirmação de que
“o próprio trabalhador produz [...]
constantemente a riqueza objetiva como
capital, como poder estranho, que o domina e explora” (Marx 1984a, p.156,
grifo nosso), onde mais Marx fala de tal dominação sob o proletariado, que é
fruto de suas mãos, é no capítulo sobre o Fetiche da Mercadoria:
“Não é mais nada que determinada relação social entre os
próprios homens que para eles aqui assume a forma fantasmagórica de uma relação
entre coisas. Por isso, para encontrar uma analogia, temos de nos deslocar à
região nebulosa do mundo da religião.
Aqui, os produtos do cérebro humano
parecem dotados de vida própria, figuras autônomas, que mantêm relações
entre si e com os homens. Assim, no
mundo das mercadorias, acontece com os produtos da mão humana. Isso eu
chamo o fetichismo que adere aos produtos de trabalho, tão logo são produzidos como mercadorias, e que, por isso, é
inseparável da produção de mercadorias.” (Marx 1983, p. 71, grifo nosso)
O Fetiche da Mercadoria tem uma
característica que o diferencia fundamentalmente do Fetiche Religioso, é
possível a nós no plano da consciência, do conhecimento, superar a crença em
quaisquer divindades, o fetiche religioso está encarnado em nossas cabeças e
agimos a partir daí como se de fato tivessem vida, portanto, como de fato não
estão objetivamente encarnados na realidade podemos superá-los ao erradicá-los
em nossa consciência, em nossos cérebros.
Já o Fetiche da Mercadoria está
encarnado na própria forma mercadoria, não está fora dela como ocorre ao ídolo
– em nossa cabeça -, portanto, não pode ser superado pela consciência, podemos
saber sobre e compreender o Fetiche, mas a própria forma mercadoria nos obriga
a nos relacionarmos entre nós como coisas e elas assim nos parecem - as
mercadorias - dotadas de vida. O mesmo acontece aos Fetiches do Capital e do
Dinheiro, é preciso destruir esses “ídolos” para que não tenham nenhum poder
sobre a Humanidade, enquanto continuarmos a produzi-los estaremos sob seu
domínio:
“O reflexo religioso do mundo real somente pode desaparecer
quando as circunstâncias cotidianas, da vida prática, representarem para os
homens relações transparentes e racionais entre si e com a natureza. A figura do processo social da vida,
isto é, do processo da produção material, apenas
se desprenderá do seu místico véu nebuloso quando, como produto de homens
livremente socializados, ela ficar sob seu controle consciente e planejado.
(Marx, 1983, p.76, grifo nosso)
Nos Fetichismos da Mercadoria, do
Dinheiro e do Capital objetivamente vigora o domínio objetivo sob a humanidade,
quando na realidade são produto das mãos humanas. O Capital aparece como dotado
de vida própria, como se não fosse mais necessário o proletariado - que
curiosamente na relação torna-se Capital Variável -, como criador de si próprio
e o Dinheiro que parece possuir Valor por si e para si, é na verdade uma
mercadoria, é circulação de mercadorias, nas palavras de Marx:
“As mercadorias encontram, sem nenhuma colaboração sua, sua
própria figura de valor pronta, como um corpo de mercadoria existente fora e ao
lado delas. [...] são imediatamente a
encarnação direta de todo o trabalho humano. Daí a magia do dinheiro. A conduta meramente atomística dos homens
em seu processo de produção social e, portanto, a figura reificada de suas
próprias condições de produção, que é independente de seu controle e de sua
ação consciente individual, se manifestam inicialmente no fato de que seus
produtos de trabalho assumem em geral a forma mercadoria. O enigma do fetiche do dinheiro é, portanto, apenas o enigma do fetiche
da mercadoria, tornado visível e ofuscante.” (Marx, 1983, p.85, grifo nosso)
Aquilo que Marx apenas intuiu em seu
primeiro grande esforço de apreensão do ser do capital – conforme demonstrado
nos 3 itens acima -, o domínio do Capitalismo sob o proletariado para além da
consciência, a inversão onde as criaturas (Mercadoria, Dinheiro e Capital)
aparecem como os criadores e vice-versa, aparece em sua obra máxima em um outra
qualidade, saindo do Trabalho Alienado – anacrônico - e demonstrando a
alienação como não negativa - relação de
troca entre proprietários de mercadoria -, para o Trabalho Abstrato levando-o a
descoberta de como se dão de fato as relações capitalistas de produção.
Acreditamos que podemos recorrer agora a um exemplo na arte,
na produção da humanidade para demonstrar com um exemplo o Fetichismo.
Recentemente foi lançado um jogo de vídeo game, “Clair Obscur: Expedition 33” -
clair obscur é uma técnica de pintura muito utilizada no Renascimento onde se
contrastam as áreas claras e escuras de uma pintura.
No jogo somos apresentados a todo um universo onde os
habitantes de uma ilha, Lumière, anualmente realizam uma cerimônia denominada
Gommage. No porto da ilha, no continente longínquo avistam-se uma figura
gigantesca, a Artífice e um igualmente dantesco Monólito, uma vez ao ano essa
figura, a Artífice se levanta e pinta um número no monólito seguindo uma ordem
decrescente e todos os habitantes da ilha que possuem a idade correspondente ao
número são apagados, desaparecem, assim sendo, se as coisas continuarem como
estão aquela sociedade desaparecerá do mapa.
Para impedir tal destino, anualmente muitos dos que estão em
seu último ano de vida - que será ceifada no Gommage - partem em uma expedição
para impedir a artífice de pintar o próximo número no monólito. O Jogo se passa
durante a expedição 33 – 67 expedições aconteceram antes -, acompanhamos os
expedicionários em sua tentativa de fazer que a Artífice nunca mais se levante
e volte a pintar no monólito. Sem mais demoras, finalmente a Artífice é detida.
Logo em seguida descobrimos que a Artífice que na realidade é Aline, estava
durante 67 anos impedindo que Renoir seu esposo - que vivia preso embaixo do
monólito, “apagasse” todos de Lumière. Com a Artífice “detida”, todos então são
apagados e sobram os personagens controlados pelo jogador.
Finalmente vem a descoberta de que todo aquele universo é um
quadro pintado por Verso, filho de Aline Dessendre e Renoir Dessendre. No mundo fora daquela pintura são chamados de Pintores e
estão em uma guerra contra os Escritores, todos aqueles presentes no quadro,
exceto a família Dessendre, são criações dos pintores. Sem mais delongas temos
de escolher ao final entre destruir o quadro ou permanecer naquele universo em
forma de obra de arte.

Afinal o que toda essa história tem que ver com o
Fetichismo? Muito bem, o Fetichismo assim como o quadro é uma obra real das
mãos humanas, não é uma mera ilusão, enquanto o quadro existir haverá vida
dentro dele, os habitantes de Lumière, mesmo sendo criações no quadro, choram,
sorriem, tem filhos, sofrem etc., são, portanto, vivos graças as mãos humanas
dos Dessendre; assim também se passa com os Fetiches, da Mercadoria, do
Dinheiro e do Capital. Eles possuem aparência objetiva, nos relacionamos com eles
como se fossemos criaturas e não criadores, assim como parte dos Dessendre -
Aline e Alícia - que não queriam sair de dentro de sua obra, que preferiam
viver nela, mesmo tendo plena consciência de que o quadro era uma criação. O Fetiche não pode ser superado pela consciência. Era
necessário destruir o quadro para libertar os Dessendre, assim como é
necessário fazê-lo em relação a Mercadoria e ao Capital. Tanto o quadro quanto
o Fetichismo possuem existência objetiva, Lumiére não é mera ilusão ou
imaginação, existe, assim também se dá com a forma mercadoria e seu fetiche,
onde a humanidade só pode se relacionar entre si como coisas e suas criações as
próprias mercadorias como dotadas de vida. Como escreveu Marx (1983, p, 70,
grifo nosso): “À primeira vista, a mercadoria parece uma coisa trivial, evidente.
Analisando-a, vê-se que ela é uma coisa muito complicada, cheia de sutileza
metafísica e manhas teológicas.”
O quadro possuía parte do espírito inventivo da energia
vital de seu criador Verso Dessendre, o mesmo se passa com a Mercadoria, dotada
do Valor que tem como substância o Trabalho Abstrato, ou seja, músculos, nervos
e cérebros de todo o Proletariado Mundial.
7. As Crises e o Fetichismo

“O povo, ao ver que Moisés demorava
a descer do monte, juntou-se ao redor de Arão e lhe disse: "Venha, faça
para nós deuses que nos conduzam, pois a esse Moisés, o homem que nos tirou do
Egito, não sabemos o que lhe aconteceu". Respondeu-lhes Arão: "Tirem
os brincos de ouro de suas mulheres, de seus filhos e de suas filhas e
tragam-nos a mim". Todos tiraram os seus brincos de ouro e os levaram a
Arão.
Ele os recebeu e os fundiu,
transformando tudo num ídolo, que modelou com uma ferramenta própria, dando-lhe
a forma de um bezerro. Então disseram: "Eis aí os seus deuses, ó Israel,
que tiraram vocês do Egito!" Vendo isso, Arão edificou um altar diante do
bezerro e anunciou: "Amanhã haverá uma festa dedicada ao Senhor". Na
manhã seguinte, ofereceram holocaustos e sacrifícios de comunhão. O povo se
assentou para comer e beber, e levantou-se para se entregar à farra.” (Êxodo
32: 1-6)”
Em Wallstreet no ano de 1989, após a crise de 1987 o artista
italiano Arturo Di Modica instalou ilegalmente a obra conhecida por Charging
Bull, com cerca de 3,5 toneladas. É um símbolo do poder do Capitalismo, foi
criado sob inspiração de outra obra “O Touro e o Urso” que está em frente a
bolsa de valores de Frankfurt na Alemanha desde 1985, o touro representa o
período de alta no mercado referente ao seu ataque onde ao chifrar joga para
cima o alvo do ataque e o urso simboliza o período de queda já que seu ataque
acontece de cima para baixo.
Inicialmente convém lembrarmos, como escreveu Marx (1984,
p.64), que “a vida da indústria se transforma numa sequência de períodos de
vitalidade média, prosperidade, superprodução, crise e estagnação.” assim, em
Wallstreet é exaltado o período de prosperidade do ciclo, em Frankfurt este e
as crises, encarnando a ilusão derivada dos Fetiches do Dinheiro e do Capital.
Na esfera da circulação onde se encontra a bolsa de valores, reina o Fetichismo
do Capital e do Dinheiro, segundo a reportagem do Valor Econômico “[...] a
escultura original em bronze é reconhecida no mundo dos negócios como um
símbolo de sorte. Diz a lenda que coçar o focinho, agarrar seus chifres ou
testículos traz sucesso.” O chamado “mercado financeiro”, que crê no dinheiro
que nasce de si próprio e do Capital que se autovaloriza, como originário e
produzido no além ou em Nerverland, onde seus habitantes se recusariam a sair
da infância, tal qual Peter Pan assombrado por um Capitão Gancho, que insiste
em lhes recobrar a sua ligação umbilical com o Capital Industrial - que não é
sinônimo de fábrica, mas de produção sob a relação capitalista - e as outras
fases do ciclo: vitalidade média, superprodução e estagnação.
Por outro lado, as duas obras escancaram uma coisa que a
princípio parece óbvia a nós, mas não o é, a crise que nos parece ser o anúncio
do fim da relação social capitalista é na realidade parte constituinte de todo
o ciclo, em outras palavras a produção de capital leva a ela e ela leva de
volta ao ciclo, é a parte constituinte e necessária como todas as outras fases,
portanto, “[...] sob nenhuma hipótese, tal movimento pode ser entendido como
base para uma imediata reação dos trabalhadores numa perspectiva
insurrecional.” (Oliveira, 2021, p.409)
A obra “O Touro e o Urso”, nos serve
por esse outro ângulo como alerta de algo que está ali escancarado e ao mesmo
tempo velado: o Urso – crise - é parte fundamental do ciclo, na matéria do site
encontramos as seguintes definições: -Pergunta: “O que é Bear market? Resposta:
Já o Bear Market (mercado urso) se trata do movimento
inverso: acontece quando o mercado espera uma tendência de baixas. Quando há um
pessimismo em relação à economia, os preços das ações caem.
Quem opta por investir nestes momentos pode obter lucros no futuro, pois os
ativos costumam estar com preços abaixo do esperado. Assim, quando a economia
se recuperar, a tendência é que o valor do papel suba, valorizando o investimento.” (Santos,
2023)
O momento da crise também pode ser
usado na bolsa de valores como oportunidade de enriquecimento para seus
investidores nos ciclos subsequentes, assim como o é na esfera da produção de
Capital:
“As crises gerais, portanto, se configuram sempre como uma
verdadeira catástrofe. No entanto, como se tem demonstrado neste estudo, isso
não se configura como condições objetivas para um processo revolucionário. Ao
contrário, nas épocas de crise, a classe trabalhadora é submetida às mais
diversas penúrias e as aceita para conseguir manter sua existência. Não há, em Marx de O capital, uma relação de igualação
entre as crises gerais do capital com a abertura de uma possível janela
revolucionária. Aliás, como se observou neste trabalho, as crises gerais do capital se manifestam como mecanismo de
sobrevivência da vida do capital e como desespero pela sobrevivência dos
trabalhadores. O ponto de chegada de um ciclo não é a crise estrutural, e sim o
ponto de partida para um novo ciclo. Esse movimento é constante: onde o
capital penetra, consolida-se e desenvolve-se. Trata-se de uma lei geral da
forma de ser do capital.” (Oliveira, 2021, p.409, grifo nosso)
Quando vem a crise, o “deus” Capital
exige com toda violência o aumento da quantidade de sacrifícios de seres
humanos no altar do Capital, saindo renovado das
cinzas do proletariado reinicia novamente seu ciclo até a próxima crise. Há,
portanto, um “deus” no altar do mercado financeiro.
Mas os
seus adoradores sempre se esquecem que essa divindade está fundada sobre o
Trabalho Abstrato, realizado pelo Proletariado em todas as partes do globo,
volta e meia essa realidade é escancarada caindo como um raio sobre as suas
cabeças, lançado por um Moisés furioso, nessas situações a realidade revela
momentaneamente que o Trabalho Abstrato realizado pelos produtores de Capital,
os trabalhadores e sua Força de Trabalho, que produzem as Mercadorias e o
Capital são o elemento fundante do ser do Capital.
8. Considerações Finais
Na introdução citamos como exemplo de utilização da
categoria Trabalho Alienado, Silvia Federici e seu Livro “Calibã e a Bruxa”,
porém, o teórico de maior envergadura cuja obra tem como grande pilar a
categoria Trabalho Alienado é István Mészáros, sua concepção sobre o
capitalismo é predominante na academia e em grande parte dos movimentos e
partidos anticapitalistas. Como
demonstrou, Oliveira (2021) em sua tese “Para Além ou Para Aquém do capital?
Apontamentos Críticos Acerca do Universo Categorial de István Mészáros”.
Em sua análise minuciosa da obra máxima do filosofo húngaro,
Oliveira (2021) demonstra com grande rigor as implicações desta obra - tanto
teóricas quanto práticas- para a luta do proletário contra o Capital.
Com escrevemos neste artigo, Marx abandona o carácter
negativo da Categoria Alienação utilizada nos manuscritos e adota a categoria
Fetichismo em o Capital conforme demostrado por Tumolo (2019) a incompreensão
da categoria Fetichismo é danosa para os que lutam contra o Capital.
O Livro de Bueno (2021): “A teoria do fetichismo em Karl
Marx e a educação” - na qual no qual autora publica sua análise de vital
importância sobre o tema - é sem dúvidas fundamental, incontornável, para
conhecermos a fundo o oponente do proletariado em sua luta pela Emancipação.
As duas obras fundamentais (Oliveira e Bueno), oferecem um
arsenal poderoso para aqueles que estão na luta contra a relação
anticapitalista, na luta contra a exploração capitalista da grande maioria da
humanidade por uma "meia dúzia" de exploradores. Recomendamos o
estudo de ambas e também de “O Capital” para aqueles que querem cientificamente
compreender o capitalismo.
Para travar um bom combate com reais possibilidades de
vitória, não podemos procurar justificar nossas hipóteses e argumentos "ao
bel prazer", encaixando de forma
arbitrária a realidade ás nossas ideias, escolhendo partes das obras de Marx -
negando a totalidade de sua pesquisa e ignorando a incontornabilidade de sua obra maior que revelou o Ser do Capital utilizando um rascunho, anotações de um
estudioso como se fosse um livro sagrado em trechos recortados, quando o
próprio autor publicou sua obra magna, sua obra prima, que estes senhores
subestimam ou simplesmente abandonam.
O método científico passa longe de recorrer a afirmações
categóricas, ora nos Grundrisse, ora nos Manuscritos, opondo rascunhos e
esboços frente ao trabalho onde está a grande descoberta de Marx. Que nome
deveríamos dar a tal prática?
Em nome das “teses” mais estapafúrdias Marx é colocado no
ringue contra ele próprio, como se existisse um Marx cindido, um jovem e um
velho - nunca se falou e se estudou tanto um homem, e ao mesmo tempo se
conheceu tão pouco sobre ele.
E onde aposta a esquerda atualmente? No “jovem”! Cegos pela aparência mais
mesquinha e tacanha, esses cavaleiros carregam em sua fronte três palavras
marcadas a ferro: Trabalho Alienado,
Alienação e Estranhamento.
Eis aí a sua santíssima trindade! Agarrados a esses
conceitos como os hebreus se agarraram ao bezerro de ouro.
Frente a essa esquerda do e para o Capital, o que nós Emancipacionistas afirmamos é simples:
- “Seu ringue na realidade não passa
de um altar onde insistem em fazer sacrifícios ao deus Capital! A obra-prima
não pode ser convertida em um ‘ícone inofensivo’!”
Nosso ponto de partida é a obra-prima, nossa luta é contra o
capitalismo com o objetivo claro de dar fim a todas as degradações e conquistar
a Emancipação Humana.
Não podemos nos dar ao luxo de abandonar nossa poderosa
veste teórica – O Capital -, os Capitalistas e suas grandes corporações não
brincam em serviço, em nome do lucro utilizam seu Estado para os fins da
acumulação sempre crescente de Capital, e no caso da Palestina cometendo um
genocídio sem mover sequer uma única ruga.
O capital não só nasceu escorrendo sangue por todos seus
poros como continua a se alimentar da exploração do proletariado, sugando com
toda sanha seu sangue, músculos, nervos e cérebros.
Criamos esse ser com
nossas mãos! Pela exploração, por meio do nosso Trabalho Abstrato ele se mantém
vivo, podemos destruí-lo assim como o criamos, por meio de nossas próprias
mãos.
E se alguém nos questionar por onde andará a Emancipação
Humana, responderemos:
Ela está encarnada em todos aqueles que buscam “por
quaisquer meios necessários” - como diria Malcolm X - o fim da exploração
capitalista.
Na luta do esboço contra a obra prima, nós, apesar da moda
reversa, ficamos com a obra capital.
Por Malcolm S. Dias
________________________
Leituras Recomendadas:
1- PARA ALÉM OU PARA AQUÉM DO CAPITAL? APONTAMENTOS CRÍTICOS ACERCA DO UNIVERSO CATEGORIAL DE ISTVÁN MÉSZÁROS - ANDRÉ RICARDO OLIVEIRA
Link de acesso:
https://drive.google.com/file/d/1HfE2SIwD8NnQE-JnFIbicJPkTLFdfHHT/view2- A TEORIA DO FETICHISMO EM KARL MARX E A EDUCAÇÃO - JULIANE ZACHARIAS BUENO
Link de acesso:
https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&opi=89978449&url=https://editoriaemdebate.ufsc.br/catalogo/wp-content/uploads/JULIANE_BUENO-TEORIA-DO-FETICHISMO.pdf&ved=2ahUKEwjmjczLs8GOAxVsqpUCHXimGnoQFnoECBYQAQ&usg=AOvVaw3Ak2bb1JY3f1f7M-iTB1aQ
3- TRABALHO, CAPITAL E FORMAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA
TRABALHO ALIENADO E CAPITAL EM MARX: CONTRIBUIÇÕES PARA UM DEBATE - PAULO SERGIO TUMOLO
Link de acesso:
https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&opi=89978449&url=https://editoriaemdebate.ufsc.br/catalogo/wp-content/uploads/TUMOLO-TRABALHO-CAPITAL-CLASSE-EBOOK.pdf&ved=2ahUKEwjS5vD1u8GOAxXCDrkGHUjQKo8QFnoECBUQAQ&usg=AOvVaw23-tCte3mkyP6mI80UXfbT
___________________________
Referências
OLIVEIRA, André Ricardo. Para além ou para aquém
do capital? Apontamentos críticos acerca do universo categorial de István
Mészáros. 2021. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal de Santa
Catarina, Centro de Ciências da Educação, Programa de Pós-Graduação em
Educação, Florianópolis, 2021.
BUENO, Juliane Zacharias. A teoria do fetichismo em Karl Marx e a educação [recurso
eletrônico]. Florianópolis: Editoria Em Debate/UFSC, 2021.
TRABALHO, capital e formação da classe
trabalhadora [recurso eletrônico] / Paulo Sergio Tumolo (org.); Neide de
Almeida Lança Galvão Favaro [et al.]. Dados eletrônicos. Florianópolis:
Editoria Em Debate/UFSC, 2019.
MARX, Karl. Cadernos de Paris e Manuscritos
Econômico-Filosóficos de 1844. São Paulo: Expressão Popular. [1ª reimpressão,
2017].
MARX, Karl. O Capital: Crítica da Economia
Política. Livro I, tomo 1. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
MARX, Karl. O Capital: Crítica da Economia
Política. Livro I, tomo 2. São Paulo: Abril Cultural, 1984a.
MARX, Karl. O Capital: Crítica da Economia
Política. Livro II. São Paulo: Abril Cultural, 1984b.
MARX, Karl. O Capital: Crítica da Economia
Política. Livro III, tomo 1. São Paulo: Abril Cultural, 1984c.
MARX, Karl. O Capital: Crítica da Economia
Política. Livro III, tomo 1. São Paulo: Abril Cultural, 1985.
MARX, Karl. Trabalho Assalariado e Capital. São
João del Rei, 2009. E-book.
LENIN, Vladímir Ilitch. O Estado e a revolução:
a doutrina do marxismo sobre o Estado e as tarefas do proletariado na
revolução. São Paulo: Boitempo, 2017.
FEDERICI, Silvia. Calibã e a Bruxa:
mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Elefante, 2017.
https://valor.globo.com/financas/noticia/2021/11/18/touro-de-wall-street-conheca-a-historia-de-um-simbolo-de-forca-e-poder.ghtml
https://borainvestir.b3.com.br/tipos-de-investimentos/renda-variavel/acoes/bull-market-e-bear-market-o-que-sao-e-quando-acontecem/
https://super.abril.com.br/coluna/oraculo/por-que-o-touro-e-simbolo-da-bolsa-de-valores/#google_vignette
[1] Definição presente no Dicionário de
Economia (Os Economistas), Editora Abril Cultural, 1985.